Tudo começa no solo. Nossa alimentação, nossa saúde.
No dia 15 de abril comemoramos o Dia Nacional da Conservação do Solo, conforme a promulgação da Lei Federal n. 7.876, de 13/11/1989. A escolha dessa data foi em homenagem a Hugh Hammond Bennett, o pai da conservação do solo nos Estados Unidos. Esse dia propõe uma reflexão sobre a conservação dos solos e a necessidade da utilização adequada desse recurso natural.
Um relatório de 2016 das Nações Unidas revela que 33% dos solos do mundo estão degradados por erosão, salinização, compactação, acidificação e contaminação. Na América Latina, cerca de 50% dos solos estão sofrendo algum tipo de degradação. Somente a erosão elimina 25 a 40 bilhões de toneladas de solo por ano, no mundo todo. Como resultado, as perdas de produção de cereais, por exemplo, foram estimadas em 7,6 milhões de toneladas por ano, no mundo. Isso afeta a segurança alimentar, aumenta os preços dos alimentos e pode levar milhões de pessoas à pobreza e à fome.
A agricultura tradicional retira mais nutrientes do solo do que repõe. Isso acontece por falta de conhecimento a respeito de práticas sustentáveis e de políticas públicas de apoio ao pequeno produtor. Leia mais sobre agricultura consciente no nosso blog: https://iao.com.br/agricultura-organica/agricultura-consciente-parte-i/.
Você sabe a definição de ecossistema?
Parece que paramos de falar sobre isso desde a escola, não é mesmo?!
Ecossistema é essa relação de interdependência e conexão entre sistemas vivos. A natureza funciona de forma perfeita e harmoniosa em todos os seus processos, desde o florescimento das flores e amadurecimento dos frutos até as cadeias alimentares, de forma orgânica e autorregulada. Essa harmonia no seu funcionamento está totalmente relacionada a interdependência entre as partes que compõem esse sistema. Para que ele funcione dessa forma, a preservação de todas elas é essencial.
Do grego, a palavra sistema significa “colocar junto”, portanto, a visão sistêmica das coisas diz respeito a colocá-las dentro de um contexto e estabelecer qual a natureza das suas relações. E quando cada um de nós, se vê pertencente ao meio ambiente, não são necessárias advertências morais para que eu preserve o meio, pois o meu comportamento seguirá naturalmente uma ética ambientalista. Esse conceito foi retirado do livro “A Teia da Vida” do autor Fritjof Capra, físico austríaco e importante pensador do campo da ecologia.
Para vivermos de forma sustentável, em uma relação harmoniosa e sistêmica nessa teia onde nós, seres humanos, somos apenas um fio, é necessário uma alfabetização ecológica. Capra é defensor da visão sistêmica do mundo e da vida e acredita que tudo está interconectado. O autor compartilha sua visão sobre sustentabilidade de uma forma clara e simples: Uma comunidade sustentável deve ser desenvolvida de forma que a nossa forma de viver, nossos negócios, nossa economia, tecnologias, e estruturas físicas não interfiram na capacidade da natureza de sustentar a vida. Devemos respeitar e viver de acordo com isto”. (Trecho de uma conferência dada no Brasil em julho de 2013).
A Terra como um organismo vivo
Em “A vida não é útil”, Krenak nos lembra da Terra como um organismo vivo. O autor denuncia como o valor da natureza dentro do conceito moderno de progresso atrelado ao sistema capitalista é totalmente relacionado a sua capacidade de dar lucro. Desta forma, nós, seres humanos, que temos possibilidade de ter consciência e crítica sobre nosso impacto no mundo, somos os maiores devoradores dos ambientes que deveríamos viver em comunhão.
Ailton Krenak é um líder indígena, ativista do movimento socioambiental, autor de diversos livros que discutem a relação desarmoniosa da nossa forma atual de estar no mundo enquanto sociedade em relação à natureza, algo que é entendido e transmitido como sagrado para os povos indígenas, por exemplo.
Como um ambientalista e ativista da causa socioambiental, Krenak destaca aquilo que é natural para os indígenas: as noções de vida em comunhão com o ambiente, como corpo que toma parte numa “dança cósmica”, e da Terra como organismo vivo. O autor, nesse livro compartilha o seguinte pensamento: “[…] temos que parar de nos desenvolver e começar a nos envolver”.
Isso significa que nós temos uma responsabilidade sobre o impacto que geramos no mundo através das escolhas que fazemos no dia a dia. Com base nas ideias de Capra e Krenak é possível pensar em como a nossa existência é vinculada a um todo muito maior, nos convidando a refletir para além da nossa pequena bolha cotidiana, olhando para o macro, essa teia da qual fazemos parte e, ainda mais importante, para a forma como nos relacionamos com ela e o impacto que isso pode gerar.
Como posso contribuir com as causas ambientais?
Existem diversas organizações não governamentais, sem fins lucrativos, que desempenham um importante papel no Brasil em relação à educação ambiental, pautas ecológicas e sustentáveis, seja na manutenção e conservação do solo, da Mata Atlântica, dos oceanos, do encaminhamento correto de resíduos, etc. Abaixo uma lista com sugestões de ONG’s para você conhecer o trabalho e saber que pode se vincular a alguma delas através de doações em dinheiro ou ações específicas, gerando um impacto positivo no mundo.
São elas:
- Greenpeace Brasil: https://www.greenpeace.org/brasil/
- Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora): https://www.imaflora.org
- Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ): https://ipe.org.br/por-que-doar/
- Instituto Socioambiental (ISA): https://filiacao.socioambiental.org
- SOS Mata Atlântica: https://www.sosma.org.br
Fica o convite, nunca é tarde para mudar suas escolhas e escolher uma vida nova para a terra!
Por Mariana de los Santos, psicóloga, artista, curiosa, entusiasta do movimento e escritora nas horas vagas.