Criar uma rotina organizada e que faça sentido para você, pode beneficiar sua saúde física, mental e espiritual.
Os rituais são uma forma de exercitarmos o autocomprometimento e a disciplina de um lugar de autocuidado. Estabelecer algumas coisas que vão fazer parte do seu dia para que ao final dele, você se sinta melhor consigo mesmo, talvez não pela coisa em si, mas pelo seu estado de alinhamento interno ao cumprir o que se comprometeu.
Podemos definir ritual como pequenas celebrações de cuidado. E calma, não precisa ser um bicho de 7 cabeças, pode ser tomar um banho todos os dias pela manhã.
Eles são estabelecidos individualmente, mas, no geral, são comportamentos relacionados a uma reconexão com um estado mais natural de viver que geram um efeito prazeroso que dure ao longo do dia, como por exemplo: despertar no nascer do sol, tomar água ao acordar, fazer uma caminhada, exercícios respiratórios, exposição a luz solar, uma prática física, leitura, escrita, café da manhã com calma, etc. Aqui, pode entrar qualquer coisa que você julgue importante. Uma dica muito importante nesse processo é se autoavaliar com frequência sobre que hábitos continuam (ou não) fazendo sentido para manter você na sua rotina.
Como a forma que vivemos atrapalha a criação de rituais, rotinas e hábitos saudáveis?
Somos seres com sistemas de recompensas complexos. Os hábitos se criam a partir da recompensa advinda de determinado comportamento. O livro “Nação Dopamina: por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e que podemos fazer para mudar” aborda com muita clareza essa relação de consumo, hábitos, dependência e a sociedade que estamos criando a partir disso.
Hoje em dia, é mais fácil sentir ansioso do que emocionalmente estável, ser sedentário do que fisicamente ativo, estar deprimido em decorrência de hábitos alimentares ruins, falta de vitaminas, baixa exposição à luz solar, desregulação emocional, entre outros. Somos expostos e seduzidos por produtos que nos conectam mais ao artificial do que ao que é natural e orgânico.
A autora do livro, Dra. Anna Lembke, nos atenta para o atual ecossistema rico em dopamina que estamos inseridos, onde estamos sedentos por gratificações instantâneas. Isso se replete na forma como nos relacionamos com o mundo digital, através dos likes, views e comentários, como nos relacionamos com atividade física, com a alimentação e com as pessoas de modo geral.
Se não somos imediatamente recompensados ficamos frustrados e partimos para a próxima. Se um mês de academia não trouxe o resultado esperado, abandonamos qualquer tentativa de sermos fisicamente ativos, afinal, “não é para mim”. Estamos perdendo a habilidade de descobrir coisas e nossa motivação está totalmente vinculada ao resultado e não ao processo.
Por isso, em vez de uma receita pronta sobre o que deve ser feito, te convido a refletir e fazer sua tarefa de casa. Afinal, você é totalmente responsável por você, certo? Quando nos responsabilizamos pelo nosso bem estar e buscamos conhecer o que nos agrega nas diversas dimensões que nos compõem, estamos exercitando o autocomprometimento e esse é o primeiro passo para criar um ritual que faça sentido.
Em vez de sair desse texto e começar a acordar às 5 horas da manhã, ler 3 livros por mês, treinar 7 vezes por semana e se alimentar bem te convidamos a parar.
Respire um pouco.Saia do automático e volte a um ritmo mais orgânico. Realmente é mais trabalhoso do que a receita pronta da internet, mas acreditamos que vale a pena.
Você consegue entender de que forma organizar sua rotina, seus hábitos, ambiente e suas relações para que se aproximem ao máximo do que julga ser positivo para você? Que atire a primeira pedra quem nunca cedeu a um comportamento que não fala muito sobre você só por pressão social!
Pense um pouco sobre si mesmo: Você tem mais energia pela manhã ou pela noite? Gosta de tomar banho quente ou frio? Prefere alimentos doces ou salgados? Sente mais frio ou calor? Gosta de dormir cedo e acordar cedo ou dormir tarde e acordar tarde? Se pudesse escolher, livre de convenções e obrigações com o mundo externo, quais seriam as respostas?
E como adequar uma rotina e seus rituais de uma forma contextualizada?
Por que é tão desafiador criar um novo hábito?
Não somos tolerantes ao sofrimento tanto quanto somos ao prazer, pois estamos expostos a recompensas prazerosas e instantâneas a todo momento, como por exemplo através da nossa alimentação e do mundo digital. Com a exposição repetitiva acionamos nosso sistema de recompensa criando tolerância e, assim, queremos repetir determinado comportamento. E quando isso se torna disfuncional temos um quadro de dependência.
Esse é um mecanismo neural, logo, nós somos capazes de regular nosso comportamento. Por exemplo: diminuir o consumo de determinados alimentos pode ser tão difícil por ele ser capaz de ativar seu sistema de recompensa de imediato, te dando prazer. Assim como praticar atividade física pode não ser tão prazeroso logo de cara, pois a sensação de prazer atrelada a ela não vem de forma instantânea, porém as evidências comprovam seu efeito mais duradouro e significativo.
Se é importante e necessário para nós criarmos o hábito de praticar alguma atividade física, por exemplo, primeiro precisamos nos perguntar: qual atividade? Em que horário funciona melhor para mim? Qual a frequência que eu consigo me comprometer? E depois entendermos que a prática consistente vai levar a criação de um hábito, sem depender de uma gratificação instantânea.
Para criar seus rituais e sua rotina não existe uma receita de bolo. Cada pessoa precisa descobrir por si mesma O QUE funciona e COMO funciona.
Acredite nos rituais que você estabelecer como saudáveis e importantes para nutrir quem você é e os pratique até se tornarem um hábito. Permita-se experimentar novas possibilidades de se aproximar da sua essência e mudar quando perceber que aquilo não faz mais sentido e experimente um momento de conexão e transformação interna.
Que tal experimentar incluir alguns alimentos saudáveis em sua rotina? Aqui na IAO você pode encontrar desde um bom café para iniciar o seu dia até um delicioso e aromático chá para finalizá-lo com calma e conexão.
Por Mariana de los Santos, psicóloga, artista, curiosa, entusiasta do movimento e escritora nas horas vagas.